Pior não é melhor

 Abaixo, reproduzo artigo em que o jornalista Walter Galvão responde a Ricardo Coutinho.


Ricardo Coutinho realizou um evento de mídia para detonar o Governo do Estado. Foi triste. Um equívoco embalado num engano a serviço do caos no meio da tragédia da pandemia.

O ex-governador não considerou o estresse causado pelo crash sanitário que tira o sono das pessoas, infelicita profissionais, aprisiona famílias, paralisa a economia. Estresse frente ao crash que produz cadáveres. De entes queridos. Pais, irmãs, filhos...
As pessoas estão com medo. As pessoas estão tremendo de medo. Da infecção. As pessoas estão morrendo infectadas pelo coronavírus.

Nos meios de comunicação, as mensagens se multiplicam. Pedidos de calma. Ases da psicologia estão online a serviço de quem precisa de massagem psicológica.

O Papa pediu calma. A monja Coen também.
Ricardo preferiu transitar na  contramão. Investiu no medo. Tocou o terror a partir do território pantanoso do Facebook. Forno de fake news.
Disse que nada está sendo feito na Paraíba. Que o Estado está paralisado. Acusou o Governo de não ter um plano estratégico para enfrentar a pandemia.
Afirmou que o que foi feito está errado, o que foi pensado não presta, o praticado até agora de nada valeu. Aumentou o estresse. Reforçou o medo Atiçou o pânico.
Ricardo está errado. Por muitas razões.
É preciso lembrar. Foi o Governo da Paraíba o primeiro no País a tomar uma medida de largo espectro para o enfrentamento da crise sanitária.
Antes de qualquer caso de contaminação no Estado, quando ainda não havia o que está acontecendo, João Azevedo anunciou: contratação de mais de duas mil e quinhentas pessoas para fortalecer o sistema de saúde na Paraíba.
Bingo. Ao mesmo tempo estabeleceu dinheiro novo na economia, sinalizou com geração de empregos, providenciou proteção para a população, garantiu apoio a profissionais que estão na linha de frente do combate ao vírus, antecipou com estratégia inteligente a defesa da vida e a defesa da economia. Foi pouco? Não acho.

Além disso, teve mais. Muita coisa. Quase duas dezenas de medidas. Compra de insumos. Máscaras, respiradores, coisas que ainda não chegaram, mas chegarão, se Trump não roubar no meio do caminho, os testes rápidos chegaram. O hospital de campanha foi providenciado.
Teve o pacote econômico. Milhões para a sustentabilidade do ambiente de negócios. Edital para garantir renda à cultura. O Governo instituiu, persistiu, manteve o isolamento social. O pessoal da Saúde foi convocado, exército indispensável, para operar permanentemente.
Um pessoal que sabe o que faz. E Ricardo sabe bem disso, sabe quem sabe fazer saúde, equipes altamente qualificadas e que estão agindo, trabalhando sem descanso, planejando, clinicando, se expondo ao risco. O ex-governador nem lembrou que boa parte desse pessoal trabalhou com ele. Preferiu ignorar competências, desconhecer saberes, desqualificar a prática técnica a serviço da salvação de vida.
Será que isso aconteceu porque ele só está de olho na vida dele próprio? Vida política, vida eleitoral?<m
Ah, quase esqueço. Teve esse caso dos leitos e ventiladores do hospital de Taperoá. Leitos e ventiladores desativados, sem uso. Ricardo considerou a transferência para João Pessoa um escândalo. Taperoá não é Oregon. Nosso município tem apenas treze mil habitantes. O Estado norte-americano, quatro milhões. Mesmo, assim, o Oregon decidiu encaminhar para Nova York todo o equipamento de que dispõe para atender às vítimas da pandemia. Porque ainda não foi atingido com força pela Covid-19.
O caso de Taperoá é aquela história de “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Isso faz mal à alma quando a solidariedade para com quem mais precisa deve estar em primeiro lugar.
A vida deve estar em primeiro lugar. Até acima da campanha política para prefeito. Devemos buscar o melhor na crise. Pior nunca foi melhor. Ricardo sabe disso.


Walter Galvão



Jornalista