Influenciado pelas crises econômicas e pela pandemia de Covid-19, o setor industrial brasileiro amarga uma série de declínios nos últimos dez anos. É o que aponta a Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto de 2020, do IBGE, divulgada nesta quinta-feira.
O país tinha 303,6 mil indústrias com uma ou mais pessoas ocupadas em 2020, levando o setor a registrar a sétima queda seguida no número de empresas industriais. Em relação a 2019, houve perda de 2.865 mil empresas, recuo de 0,9%. Frente ao ponto mais alto da série de dez anos, em 2013, a redução foi de 9,4% (31,4 mil empresas).
A indústria perdeu 1 milhão postos de trabalho entre 2011 e 2020. Frente a 2013, houve uma perda de 15,3% das vagas. Havia 7,7 milhões de pessoas trabalhando no setor em 2020, das quais 97,4% operavam nas indústrias de transformação.
— Vimos uma tendência de redução do número de empresas desde 2014, início da crise — analisa a gerente de análise estrutural da pesquisa, Synthia Santana.
Mais da metade da redução de postos de trabalho, entre 2011 e 2020, ocorreu nos setores de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-258,4 mil), preparação e fabricação de artigos de couro, artigos para viagem e calçados (-138,1 mil) e fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-134,2 mil).
A renda do trabalhador no setor industrial também ficou menor. Em 10 anos, a média do salário nessa atividade passou de 3,5 para 3 salários mínimos. Segundo o IBGE, houve recuo mesmo nos setores cujos salários são mais elevados, como é o caso da indústria extrativa. Nesse segmento, o salário médio passou de 6,1 em 2011 para 4,6 salários mínimos em 2020. Nas Indústrias de transformação, caiu de 3,5 em 2011 para 2,9 salários mínimos em 2020.
Desigualdade entre setores
A pandemia de Covid-19 impactou o setor industrial brasileiro de forma desigual. Enquanto algumas atividades paralisaram, lidaram com desabastecimento ou suspenderam jornadas de trabalho, outras adotaram turnos extras e vislumbraram novos ramos de atuação.
Houve um aumento de 20% no número de pessoas ocupadas no setor de extração de petróleo e gás na passagem de 2019 para 2020, seguido da ampliação de vagas nos setores de fabricação de produtos alimentícios (7,4%) e fabricação de móveis (6,5%).
A indústria brasileira registrou R$ 4 trilhões em receita líquida de vendas em 2020. Somente as indústrias extrativas corresponderam a R$ 274,6 bilhões em 2020, alta de 26,3% em relação à 2019. Já a indústria de transformação gerou R$ 3,7 trilhões em 2020, alta de 10,6% frente 2019, seguindo a representação de 93% do faturamento.
Indústria de alimentos é a que mais emprega
A pesquisa revela ainda o nível de participação das atividades na receita da indústria. A indústria alimentícia foi a que mais ganhou espaço, com um aumento de participação de 5,9 pontos percentuais. Na contramão, a indústria automobilística amargou a maior redução no período, com queda de 4,9 pontos percentuais em sua participação. Com isso, deixou de figurar entre as 5 maiores atividades em termos de contribuição.
Em 2011, a atividade de fabricação de veículos automotores representava 12% da receita líquida de vendas, mas foi apresentando redução ao longo do tempo. Chegou a 8,2% com a crise econômica em 2015, até cair ao ponto mais baixo da série: 7,1% em 2020.
— O comportamento do setor automobilístico está relacionado ao fato de que outros setores cresceram mais, além da própria redução do setor. É uma atividade que já vem enfrentando crises sucessivas com motivações diferentes desde 2009 — diz Synthia Santana.
O setor de fabricação de produtos alimentícios foi o que mais empregou na indústria em 2020, sendo responsável por 23% do pessoal ocupado. Isso porque o setor de alimentos continuou a ser um dos mais demandados no mercado global em meio à pandemia, ajudando a compensar a redução de postos de trabalho em setores como o de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que fechou 91,9 mil postos.
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