A médica coloproctologista Shirlene Frutuoso, que é membro titular da SBCP na Paraíba, alerta que esse tipo de câncer é o segundo mais comum em mulheres e homens, perdendo apenas para o de mama (no caso das mulheres) e o de próstata (no caso dos homens).
Para a especialista, esses dados representam um aumento gigantesco, pois se trata de uma uma doença associada principalmente ao estilo de vida do ocidente e à ocidentalização dos hábitos alimentares.
A gente chama de “ocidentalização alimentar” a perda do hábito de ingerir coisas naturais e não processadas.”
“O maior exemplo, são os embutidos, coisa que no passado era muito difícil vir à mesa das pessoas, era até muito mais caro, hoje em dia está em todo lugar. Os presuntos, o blanquet de peru, o salame passaram a entrar na mesa do do brasileiro e especialmente do nordestino. mais recentemente ”, diz a coloproctologista.
De acordo com a Sobed, esse também é o câncer que mais mata no Brasil. Hoje, a chance de uma pessoa desenvolver a doença é da ordem de 4,3%, sendo que ela é mais comum em homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham casos na família.
Como se diferencia de outros cânceres?
Segundo a médica especialista, o que diferencia o câncer de intestino dos outros cânceres é (1) a alta incidência, (2) a grande associação causal com estilo de vida, (3) o fato de se tratar de um modelo perfeito de prevenção, pois não é uma doença que nasce do nada. “Na verdade, ela surge de pólipos, que são pequenas verrugas que nascem ali dentro do intestino e que vão crescendo”, diz a coloproctologista.
O tempo que esses pólipos levam para se tornar maligno é entre oito e doze anos, o que ajuda até a saber qual intervalo o paciente deve fazer novo exame.”
A maioria dos tumores que se fazem campanha de prevenção, na maioria das vezes, se trata apenas de estimular o diagnóstico precoce, como é o caso da campanha de prevenção do câncer de mama. Mas o câncer de intestino se trata realmente da prevenção, pois se está agindo numa fase de educação em saúde (para o paciente mudar os seus hábitos) e na remoção daquilo que vai se tornar um câncer.
Apesar da possibilidade de identificar os pólipos com antecedência e prevenir o câncer de intestino, ainda se trata de uma “prevenção tabu” devido às dificuldades técnicas sociais, uma vez que depende de exames caros e exige equipe especializada.
O diagnóstico desses pólipos, através de exame na rede pública, é pelo que a gente briga”.
Essa dificuldade faz com que, muitas vezes, o câncer seja diagnosticado em fase avançada, já que ele dá poucos sintomas no início. Se a pessoa for esperar pelos sintomas, o tratamento acaba sendo menos efetivo, mas ainda assim é, alerta a médica especialista.
Por isso é importante manter um bom hábito intestinal, ingerindo fibras. Alimentos que contêm cascas e bagaços são aqueles que contêm fibras. Estão presentes nas frutas, nos legumes e nas verduras, e devem ser comidos diariamente.
Devemos ingerir no mínimo trinta gramas de fibra diariamente para proteger o intestino.”
Algumas pessoas têm mais risco de contrair a doença, por exemplo, aquelas que têm antecedentes familiares de câncer de intestino na família, especialmente em parentes de primeiro grau. Também aqueles que são portadores de doenças inflamatórias do intestino, como doença de cromo ou retocolite, “são pacientes que têm que fazer exames com frequência mais alta, têm que passar por vigília maior”, alerta Shirlene.
Quais são os sintomas?
As pessoas têm uma tendência a achar que todo sangramento é hemorroida, então muita gente vai ao consultório muito tardiamente. “Quando a gente vai fazer exame local, encontra um tumor”, alerta a coloproctologista.
Os sintomas que merecem alerta são:
- sangramento nas fezes;
- presença de dor abdominal;
- anemia que não sabe de onde vem;
- fraqueza indefinida
- alteração do hábito intestinal, que é quando uma pessoa que tinha um hábito regular passa a ficar constipado, ou o contrário, passa a ter diarréia.
João Pessoa vai realizar mutirão de exames de colonoscopia entre os dias 14 e 16 de março
João Pessoa se engajou nas ações da campanha ‘Março Azul’, de prevenção ao câncer de intestino, e vai realizar um mutirão de exames de colonoscopia. A iniciativa vai ocorrer no período de 14 a 16 de março no Hospital Municipal Santa Isabel (HMSI).
O mutirão, que tem como objetivo agilizar possíveis diagnósticos de câncer colorretal, conhecido como câncer de intestino, além de outras doenças intestinais, vai beneficiar pacientes que já se encontravam na fila de espera da Regulação Municipal, cadastrados e com guias para realização do exame.
O mutirão acontece por meio de uma parceria da Residência Médica em Coloproctologia do Hospital Santa Isabel e a Sociedade Brasileira de Endoscopia Regional Paraíba, com o apoio da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
Março Azul
O Senado Federal aprovou recentemente o Projeto de Lei nº 5024/2019, instituindo o ‘Março Azul’ como mês de campanha de prevenção e conscientização ao câncer de intestino, a exemplo do que ocorre em muitos outros países do mundo.