O primeiro debate realizado entre os candidatos ao Governo do Estado, nesse domingo (7), na TV BAND/Manaíra, serviu como aperitivo para o telespectador/eleitor conhecer as pautas e estratégias de campanha que os candidatos devem adotar. Como era esperado, o governador João Azevêdo (PSB) foi o alvo dos ataques dos demais adversários. No geral, João se saiu muito bem. Mostrou segurança com números e dados. Tentou apontar as ações do governo nesses quatros anos, entretanto, faltou ser mais incisivo, principalmente, no confronto com Nilvan. O comunicador demonstrou mais firmeza e poder de convencimento, embora os dados apresentados no embate, com o radialista, fossem mais favoráveis a João.
As estratégias dos candidatos ficaram evidentes. Nilvan e Pedro evitaram ataques entre si, na perspectiva de contar com apoio um do outro em um eventual segundo turno, já que disputam o mesmo espaço no campo ideológico.
Veneziano elegeu João como alvo favorito dos ataques por um motivo óbvio: o governador lidera todas as pesquisas de intenção de votos. Além disso, Vené disputa com Azevêdo espaço no segundo turno. Com a polarização da campanha nacional, a perspectiva é que também haja polarização entre esquerda e direita na Paraíba, restando um candidato da esquerda e um da direita no segundo turno.
Sobre Nilvan, o radialista provocou bem os adversários, o que já era de esperar, mas também mostrou preocupação em oferecer ideias para destravar a economia do Estado. Pecou em relação a dados apresentados, sobretudo, em relação ao PIB da Paraíba. Ferreira chegou a delirar quando informou que o PIB da Paraíba representa 43% da fatia nacional. Foi corrigido por Veneziano. Apesar disso, ficou evidenciada a evolução do candidato em relação aos debates que participou na disputa pela Prefeitura de João Pessoa. Todavia, diferente da eleição passada em que não tinha quem o atacasse com mais veemência, no debate de ontem, se viu o major Fábio como alguém que pode dar dor cabeça ao comunicador com as provocações.
Apesar de poucas propostas apresentadas, Major Fábio foi o candidato que melhor desconstruiu a imagem de Nilvan. No confronto direto com o comunicador, o ex-deputado sugeriu que Nilvan silenciou na época dos embates encabeçados por Fábio, em relação à PEC-300, quando Ricardo era governador do Estado. Além disso, atacou o grupo de Nilvan, liderado por Wellington Roberto (PL) na Paraíba, ao afirmar que o deputado tem histórico de corrupção e que iria governar a Paraíba, em caso de vitória do PL. O radialista não terá vida fácil com o major.
Veneziano foi bem no debate. Comunicação objetiva e eloquente. Se propôs a debater ideias e associar a imagem ao ex-presidente Lula, que tem forte apelo eleitoral na Paraíba. Porém, a também associação a Ricardo Coutinho (PSB) e à Calvário, certamente traz desgate a imagem dele. Além disso, não foi convincente quando tentou justificar a mudança política de direção. Até pouco tempo fazia rasgados elogios à gestão de João Azevêdo e, agora, decidiu apontar a artilharia para o chefe do executivo.
Ja em relação a Pedro, demonstrou segurança, domínio dos temas, ideias e propostas para o Estado. Contudo, precisa melhorar a comunicação. Precisa ter sentimento, emoção, “sangue no olho”, empolgar o eleitor, sob pena de abrir espaço para Nilvan, que exerce bem essa função.
Sobre o candidato do PSTU, ficou abaixo da média dos demais candidatos apresentados. Algo natural, já que o próprio candidato não tem histórico de participação em debates. Já a candidata do PSOL surpreendeu pela desenvoltura, eloquência, domínio dos assuntos e pode dar grande contribuição às discussões dos temas.
Para finalizar, a TV BAND/Manaíra está de parabéns pelo formato do debate. Privilegiou o conforto entre os candidatos, que prende a atenção do telespectador, sem deixar de se preocupar com temas importantes para população. A jornalista Claudia Carvalho foi uma feliz escolha da emissora para mediação do debate. Demonstrou segurança, objetividade e discrição, características fundamentais de um bom mediador. Soube se sair com extrema naturalidade quando aconteceram imprevistos técnicos na transmissão.
Roberto Notícia - Jornalista - DRT 4511/88
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