Uso intensivo de celular e outros meios de entretenimento virtual ameaçam a reprodução humana, segundo pesquisa de professor norte-americano que prevê: mais 12 anos e os casais deixarão de fazer sexo.
É possível ser casado e não ter relações sexuais?
Você já ouviu falar de casais assexuados? Na prática são casais que nunca tiveram ou decidiram não ter mais relações sexuais. Nunca houve tanta liberdade no quesito vida sexual, mas estudos mostram que atualmente as pessoas fazem menos sexo do que anos 90, por exemplo.
Um dos estudos sobre o tema foi feito pelo estatístico e professor da Universidade de Cambridge David Spiegelhalter. A pesquisa mostrou que os encontros sexuais diminuíram drasticamente desde 1990. A média de relações sexuais naquele ano era de cinco ao mês. Em 2000, caiu para quatro e em 2010 para três. A pesquisa virou um livro, Sex by Numbers.
Segundo Spiegelhalter, em 2030 os casais não farão mais sexo. Para o professor, as principais razões para a perda de interesse no sexo são o uso excessivo do celular e as horas gastas nos serviços de streaming, como o Netflix, por exemplo. Em resumo, a tecnologia é a principal culpada pela queda do desejo sexual, pois trocamos os parceiros por um episódio inédito da nossa série favorita ou ainda para conversar com amigos pelo WhatsApp.
Opinião das especialistas
Para a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, a falta de sexo não é mais a protagonista dos conflitos conjugais. “Realizamos, recentemente, uma pesquisa para descobrir os principais motivos de brigas entre os casais brasileiros. Esperávamos que as questões sexuais ocupassem um lugar de destaque, porém não foi o que aconteceu”.
“Pelo contrário, a pouca frequência sexual apareceu em sexto lugar, enquanto que o uso excessivo do celular apareceu em segundo. Ou seja, nossa pesquisa mostrou que a hiperconectividade realmente pode levar a conflitos na vida dois, o que corrobora a opinião de Spiegelhalter quanto às motivações que podem levar à perda do interesse no sexo”, comenta Marina.
Para a psicóloga Denise Miranda de Figueiredo, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, as questões para a perda do desejo no sexo são multifatoriais. “Certamente, a tecnologia tem um papel importante, porém há questões físicas, com as disfunções sexuais, doenças crônicas, tratamentos de saúde e falta de conexão entre o casal que também influenciam na vida sexual”.
Casamento sem sexo?
Mas, à parte de estudos, a pergunta é: um casamento pode se manter sem uma vida sexual ativa? Para Marina e Denise tudo depende do perfil de cada membro do casal e dos combinados feitos entre os parceiros.
“Hoje, as configurações familiares estão muito diversificadas e uma delas são os casais que desde o início da relação fazem esse combinado, de não ter relações. Por outro lado, alguns casais que estão em relacionamentos de longo prazo, também podem decidir não manter mais uma vida sexual ativa, por diversos motivos. O que precisamos compreender é que cada pessoa tem uma necessidade diferente quanto o assunto é sexo”, diz Marina.
“Isso quer dizer que existem aqueles casais que não sentem falta ou necessidade e são felizes assim. Mas, se um dos parceiros sente falta e quer ter uma vida sexual mais ativa e outro não, podem surgir conflitos sim e colocar o casamento em risco”, cita Denise.
Outra situação que pode acontecer é uma falsa ideia de que está tudo bem assim. “O sexo é um dos pilares da qualidade de vida e em um relacionamento afetivo é uma parte que atua na conexão e na intimidade do casal. Portanto, problemas na vida sexual podem indicar que esse casal não está tão bem quanto imagina, principalmente quando não há combinados ou as opiniões sobre sexo e o desejo são diferentes”, ressalta Marina.
Terapia de Casal pode ajudar
“O sexo ainda é rodeado de tabus e muitas pessoas sentem vergonha de falar sobre o assunto. Porém, a comunicação é fundamental. Assim, casais que enfrentam dilemas sobre a vida sexual podem se beneficiar da terapia de casal para ajudar a melhorar o diálogo sobre o tema”, comenta Denise.
“O mais importante é que o casal encontre satisfação na vida conjugal, com ou sem sexo, se é um relacionamento que traz benefícios, felicidade e parceria, pode funcionar”, finalizam Denise e Marina.
- Texto enviado por Leda Sangiorgio, da Agência Health