Por José Gonzaga Sobrinho (Deca) *
Os brasileiros viverão, nesta segunda-feira, um dos mais preocupantes dia 1º de maio de sua história.
De acordo com estatísticas atualizadas do IBGE, atingimos no Brasil a marca recorde de 14 milhões e 200 mil desempregados, reflexo da crise política que paralisou o País por quase dois anos, inviabilizando a retomada da abertura dos postos de trabalho.
Trata-se da maior taxa de desemprego da série histórica iniciada pelo IBGE em 2012.
O levantamento mostra ainda que o número de pessoas ocupadas (88,9 milhões de trabalhadores), o nível de ocupação (53,1%) e o número de empregados com carteira assinada (33,4 milhões) são os menores da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua.
Não estamos lidando aqui com problemas minúsculos.
Digo e repito: o desemprego é o pior dano econômico imposto à população. Pois ele impõe sofrimento agudo à família brasileira, lhe privando da segurança, da confiança e do pão.
Sou testemunha do esforço hercúleo do Governo Federal em retomar a capacidade de geração de emprego.
Mas esta não é uma equação que se possa resolver apenas dentro de gabinetes. Ela precisa da participação das ruas. Do entendimento plural da sociedade.
É uma ação que passa, por exemplo, pela modernização de nossas relações trabalhistas.
Até o mais ingênuo dos brasileiros sabe que a quase centenária Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não reflete mais a realidade do Brasil do século XXI, fortemente impactado pelo avanço tecnológico.
Não reflete mais o trabalhador desse novo século – suas necessidades e anseios.
Não podemos politizar uma questão que exige, na realidade, o mais puro pragmatismo.
A mudança se impõe, acima de disputas sindicais e radicalismos.
E – verdade seja dita – o Brasil não está reinventando a roda ao tentar modernizar as relações trabalhistas.
Aliás, muito pelo contrário.
Estamos chegando com atraso a um cenário absolutamente estabelecido nas maiores economias do mundo. Países como a China e os Estados Unidos, por exemplo, há muito tempo fizeram (com amplo sucesso) a aposta na flexibilização das relações de trabalho.
Aliviando a carga de encargos, americanos e chineses conquistaram o mundo. Gerando riquezas – e, consequentemente, mais empregos.
Que esse Dia do Trabalho mergulhado de desemprego nos sirva de reflexão.
Vivermos na ilusão do atraso, dividindo migalhas?
Ou numa nação moderna, capaz de ser efetivamente a mãe gentil que todo brasileiro merece?
(*) Empresário, suplente de senador