Operação Calvário: a Lava Jato da Paraíba

 Por Ivandro Oliveira

A Operação Lava Jato é, sem dúvidas, um divisor de águas no combate à corrupção no Brasil. Queiram ou não, os livros de história terão que reservar espaço cativo ao trabalho da chamada ‘República de Curitiba’, assim ‘carinhosamente’ nominada pelo ex-presidente Lula, investigado, condenado em primeira, segunda e até, pasmem, ‘terceira’ instâncias do judiciário brasileiro, e, claro, preso por causa de um dos muitos processos criminais.

Se a palavra convence e o exemplo arrasta, o referencial da maior operação do combate à corrupção da história do Brasil vem estimulando procuradores e juízes, muitos deles jovens, a selarem uma verdadeira trincheira contra os arvoradores da dilapidação do erário público, vide o exemplo do Rio de Janeiro, em que pelo menos cinco ex- governadores estiveram ou estão atrás das grades.

A Paraíba, embora ainda pequenina do ponto de vista econômico em comparação ao estado fluminense, passa por uma espécie de ‘pente fino’ ético e moral após o advento da Operação Calvário, que certamente já não só investiga desvios de recursos públicos na saúde em contratos entre Governo da Paraíba e Organizações Sociais, a exemplo da Cruz Vermelha gaúcha, mas diversas outras áreas da administração estadual, figuras e personagens ilustres da cena política e social paraibana dos últimos anos.

Coincidência ou não, como um novelo de lã e assim como a maior operação de combate à corrupção do país começou com uma simples investigações sobre um posto de combustível, a Lava Jato da Paraíba já pode ter ido muito mais além que a relação incestuosa entre Estado e OS na saúde.

Nos bastidores, a  certeza de que a ex-secretária de Administração dos governos Ricardo Coutinho e João Azevedo, ambos do PSB, Livânia Farias, que foi liberada esta semana por decisão da justiça e com a aquiescência do Ministério Público Estadual, leia-se GAECO (Grupo de Atuação contra o Crime Organizado) que está à frente das investigações, resolveu abrir o jogo e teria revelado detalhes de como a ORCRIM que desviava recursos públicos da saúde e demais áreas, além de vários integrantes do esquema.

A decisão de Livânia foi tomada ainda no período quaresmal e as revelações contadas em dois depoimentos aos integrantes da Força Tarefa da Operação Calvário, capitaneada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, estão guardadas a sete chaves pelos investigadores que juntam as peças para formar o quebra-cabeça daquilo que promete entrar para a história como o maior esquema de corrupção da Paraíba.

Para quem ainda acredita que delação alguma houve, todos os sinais, a começar pela inexistência de solidariedade de antigos aliados ou ex-amigos, a dispensa de advogados que, na verdade, nunca dela foram, apontam para uma colaboração ampla geral e irrestrita.

Aliás, apenas para ilustrar, aqui mesmo no Tá na Área foi noticiado do inquérito no MPF sobre problemas graves na educação, cujo ‘modelo’ de OS seguiu o mesmo diapasão da saúde. Pois bem, como fermento, as investigações vem se avolumando num ritmo frenético e, em breve, tenderá a apequenar o escândalo na saúde até aqui apurado na Calvário.

E como nada está ruim que não possa piorar, pelo menos para essa gente, fatos pretéritos e reminiscências até então esquecidas do noticiário e dos próprios holofotes da justiça tendem a ressurgir como a fênix. Apenas para citar alguns, vale rememorar Cuiá, Gari Milionário, Jampa Digital e indefectível Propinoduto devem ganhar novos e assombrosos contornos.

Presidente do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa, o advogado Walfrido Warde, autor do livro “O espetáculo da corrupção – Como um sistema corrupto e o modo de combatê-lo estão destruindo o país”, analisa o momento atual do Brasil e compara o combate à corrupção ao câncer. Uma obra didática, que até tece algumas críticas aos métodos utilizados pela própria Lava Jato em episódios localizados, mas que descreve com precisão os danos da promiscuidade entre entes públicos e privados.

O tratamento contra a corrupção, da mesma forma que o câncer, é drástico, penoso e absolutamente invasivo, mas profundamente necessário para cessar os seus maléficos efeitos, pôr um fim às suas causas e ao próprio mal, e devolver a esperança a quem se sentia órfão dela.

Definitivamente, doa a quem doer, a Operação Calvário já é a Lava Jato da Paraíba.

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Da Redação com Roberto NoticiaIvandro Oliveira