É bem verdade que se ficarmos muito tempo sem ler um livro ou jornal, ou se nos recusarmos a ver um pouco de televisão de forma a não exaurir a nossa energia mental, estaremos nos condenando à mais imensa cegueira sobre o que se passa no mundo. Até o google, desde que visto com parcimônia, pode servir para nos tirar do anonimato social.
Porém, e quanto ao grau de conhecimento do Google, que sabe de nossos gostos, necessidades, saldo bancário, e, talvez, peso, altura e cor dos olhos, está nos fazendo esquecer que é nossa, a responsabilidade da interpretação.
Nada contra a era da informação, decorrente do avanço da tecnologia e da globalização, mas não se pode abrir mão de uma leitura física, pois esta tende a promover maior compreensão, mais permanência de informações e memorização, e também para que possamos avaliar o nosso conhecimento, atualizando o próprio banco de dados, sem necessidade de recorrer ao Google, ou ao ChatGPT. Sem esquecer da sensação tátil do livro, a possibilidade de marcar páginas e a menor exposição à luz azul dos dispositivos eletrônicos e das demais estrelas da era digital.
Claro que nem todos são assim, mas com a facilidade das mídias digitais, as pessoas estão perdendo o gosto pela leitura, gerando a preguiça e, agora, vai piorar, com a inteligência artificial.
Em um artigo publicado na Folha de São Paulo, uma professora de graduação, faz a seguinte declaração: É uma luta para fazer com que os alunos leiam um livro inteiro. Eles vivem grudados no TikTok ou no Instagram e não têm concentração. Outro dia, ao ver que todos estavam no celular, parei a aula. Perguntei a alguns o que estavam vendo —e muitos não se lembravam. Não se lembravam do que tinham acabado de ver 15 segundos atrás! Um deles disse que estava comprando uma calça comprida. Para usar a palavra que eles mais dizem, não têm ‘foco’.
Assiste razão a esta professora, pois os alunos tem recorrido aos resumos de livros na internet, às lives, às gravações.
A propósito, essa distração digital tem inclusive, gerado um declínio acentuado e persistente no número de americanos indo para a faculdade, e aí surge a pergunta que não quer calar: A que ponto estamos chegando?
Esses jovens serão os médicos, cientistas, engenheiros e juristas do futuro? Ou só chegarão a isso os excepcionais, que, cada vez em menor número, ainda existem?
O fato é que a tendência por essa crescente lacuna no nível educacional já traça um quadro sombrio na vida das pessoas.
Por Demétrius Faustino