A “saia justa” dos prefeitos

 Dia 28 de abril (uma sexta feira) o país teve um dia de produção praticamente “zero” em suas atividades econômicas face a paralisação dos trabalhos coordenada por entidades sindicais para (e em) protesto contra as reformas trabalhista e da previdência social, propostas pelo Governo Temer.

Para a absoluta maioria dos prefeitos municipais foi um dia de “saia justa”, eis que mesmo preocupados com a atual crise econômica e conscientes quanto ao prejuízo à arrecadação dos impostos que um dia de paralisação acarreta, não seria “eleitoralmente correto” posicionar-se contra esse movimento paredista.

No entanto, como cerca de 70% das prefeituras brasileiras têm como maior arrecadação a transferência federal correspondente ao FPM (Fundo de Participação dos Municípios), a preocupação desses prefeitos foi mesmo muito grande com mais essa paralisação dos trabalhos denominada de “greve geral” porque certamente caracterizou mais uma redução na cota desse Fundo… E mais dificuldades para a gestão municipal, especialmente para pagar os salários de seus funcionários e sustentar a saúde e a educação.

Em um estado como a Paraíba há muitos… bem muitos municípios cuja receita quase total é a da cota do FPM. E a segunda maior receita é a transferência estadual referente à participação no ICMS. Tanto uma (a do FPM) como a outra (a do ICMS) advêm das atividades econômicas, vez que a primeira está relacionada ao Imposto de Renda e ao Imposto Sobre Produto Industrializado, e a segunda, como o próprio nome indica, depende da Circulação de Mercadorias e Serviços. E sem a efetivação do trabalho “nada se constrói”… não há economia que se sustente… o desemprego amplia-se… o nível salarial diminui… as vendas caem… a produção industrial diminui… a arrecadação de impostos piora… não há como os governos proverem a prestação dos serviços esperados pela sociedade.

Não foi por ideologia muito menos por partidarismo que muitos brasileiros defenderam que aquela paralisação (greve geral) do dia 28 fosse evitada e que os protestos que se pretendiam fazer, bradando-se contra as reformas trabalhista e da previdência social, ficassem e se efetivassem na segunda feira, 1º de Maio, Dia do Trabalho. Teria sido não só racional, mas também demonstraria que não fazem parte da corrente do “quanto pior, melhor” e que efetivamente estamos preocupados e querendo pelo menos amenizar a grave crise econômica que nos atinge.

O Dia do Trabalho do desemprego nos impõe uma reflexão

Por José Gonzaga Sobrinho (Deca) *

Os brasileiros viverão, nesta segunda-feira, um dos mais preocupantes dia 1º de maio de sua história.

De acordo com estatísticas atualizadas do IBGE, atingimos no Brasil a marca recorde de 14 milhões e 200 mil desempregados, reflexo da crise política que paralisou o País por quase dois anos, inviabilizando a retomada da abertura dos postos de trabalho.

Trata-se da maior taxa de desemprego da série histórica iniciada pelo IBGE em 2012.

O levantamento mostra ainda que o número de pessoas ocupadas (88,9 milhões de trabalhadores), o nível de ocupação (53,1%) e o número de empregados com carteira assinada (33,4 milhões) são os menores da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua.

Não estamos lidando aqui com problemas minúsculos.

Digo e repito: o desemprego é o pior dano econômico imposto à população. Pois ele impõe sofrimento agudo à família brasileira, lhe privando da segurança, da confiança e do pão.

Sou testemunha do esforço hercúleo do Governo Federal em retomar a capacidade de geração de emprego.

Mas esta não é uma equação que se possa resolver apenas dentro de gabinetes. Ela precisa da participação das ruas. Do entendimento plural da sociedade.

É uma ação que passa, por exemplo, pela modernização de nossas relações trabalhistas.

Até o mais ingênuo dos brasileiros sabe que a quase centenária Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não reflete mais a realidade do Brasil do século XXI, fortemente impactado pelo avanço tecnológico.

Não reflete mais o trabalhador desse novo século – suas necessidades e anseios.

Não podemos politizar uma questão que exige, na realidade, o mais puro pragmatismo.

A mudança se impõe, acima de disputas sindicais e radicalismos.

E – verdade seja dita – o Brasil não está reinventando a roda ao tentar modernizar as relações trabalhistas.

Aliás, muito pelo contrário.

Estamos chegando com atraso a um cenário absolutamente estabelecido nas maiores economias do mundo. Países como a China e os Estados Unidos, por exemplo, há muito tempo fizeram (com amplo sucesso) a aposta na flexibilização das relações de trabalho.

Aliviando a carga de encargos, americanos e chineses conquistaram o mundo. Gerando riquezas – e, consequentemente, mais empregos.

Que esse Dia do Trabalho mergulhado de desemprego nos sirva de reflexão.

Vivermos na ilusão do atraso, dividindo migalhas?

Ou numa nação moderna, capaz de ser efetivamente a mãe gentil que todo brasileiro merece?

(*) Empresário, suplente de senador

Com carinho, uma nova resposta a Alcymar

 

Com carinho, uma nova resposta a Alcymar

Não sou dado a alimentar polêmicas, mas o texto muito bem escrito pelo cantor e compositor Alcymar Monteiro e espalhado nas redes sociais, na noite desta sexta-feira, dirigido diretamente à minha pessoa, me permite destacar alguns pontos de vista que, acredito, podem servir de reflexão para todos os que têm compromisso com um legado importante como é o Maior São João do Mundo.

Curto e admiro a carreira de Alcymar Monteiro. E não é de hoje. Para mim, é um dos baluartes da resistência cultural da música nordestina. Nunca se dobrou aos modismos e não me surpreendeu nem um pouco estar ele fazendo essa defesa apaixonada do que considera verdadeiro e basilar. Humildemente, peço desculpas se, em qualquer contexto, eu possa ter agredido o artista ou seus valores. Ao final, registre-se, tudo não passa de uma defesa de ideias e conceitos, sobre os quais pretendo aqui pontuar com a sinceridade de sempre.

Ponto de partida: esse debate parte de uma premissa errática. O Maior São João do Mundo nunca se limitou ao Parque do Povo. Incorre em um grande equívoco quem imaginar que o palco principal resume, concentra, representa tudo que é cultura da festa. Compreende-se, até certo ponto: por sua força midiática, a grade artística ocupa espaço desmesurado na vida das pessoas, que têm o livre arbítrio para prestigiar o que lhes aprouver nas apresentações gratuitas do Parque.

Alcymar e tantos outros que estão a criticar o Maior São João do Mundo, que este ano está sob a batuta da empresa Aliança, o fazem por uma lógica natural: estão defendendo o trabalho e a carreira deles, o ganha-pão sagrado, com seu verniz cultural e proposta de preservação das raízes. Aplaudo e não tiro a razão deles. Só não concordo com a suprema presunção do artista de que, sem ele e outros de sua lista, a sobrevivência do evento está comprometida, como estaria irremediavelmente ferido de morte o nosso São João deste ano.

O Maior São João do Mundo tem cultura nordestina bem representada no palco principal, sim. Gente da melhor estirpe cultural e que está sendo conscientemente esquecida pela linha dos argumentos de Alcymar. Não merecem respeito e reverência artistas como Flávio José, Elba Ramalho, Biliu de Campina, Os 3 do Nordeste, Dorgival Dantas, Coroné Grilo, Capilé e Amazan, para citar alguns? Os que seguem esse mesmo perfil e ainda não foram anunciados para o Palco Parafuso, na parte inferior e onde estão concentrados os grandes pavilhões de restaurantes e bares da festa, serão ignorados por não fazerem parte da casta dos privilegiados de primeira grandeza representados por Alcymar?

O Maior São João do Mundo tem cultura nordestina autêntica e de qualidade, sim, nas ilhas de forró espalhadas no Parque do Povo, onde trios de nossa terra manterão acesa a música regional genuina. As dezenas de grupos desses artistas contratados, que não têm simpatizantes nas grandes mídias ou bem estruturadas assessorias, não merecem aplausos e reconhecimento pela resistência cultural que representam o ano todo?

O Maior São João do Mundo tem cultura nordestina legítima, sim, nos espaços para as comidas típicas - que este ano ganham destaque na área inferior do Parque do Povo. Nas apresentações das quadrilhas juninas, que atraem milhares de turistas. No Trem Forroviário, com seu passeio bucólico ao Distrito de Galante, ao som de um trio de forró em cada vagão. Na decoração junina nas ruas, nos estabelecimentos comerciais, escolas e nas milhares de casas de campinenses que recebem parentes e visitantes. Nas missas da Catedral, onde artistas convidados se envolvem com o ato religioso de celebração aos santos da época. Nos eventos paralelos, apoiados pela Prefeitura, como Corrida da Fogueira, Corrida do Jegue, a disputa no Pau de Sebo e tantos outros.

Portanto, renovando meu respeito e admiração por Alcymar Monteiro, digo ainda que, para uma festa que este ano completa 34 anos de existência (tão longeva quanto a carreira do cantor), o Maior São João do Mundo continuará firme, forte e renovado, preservando a cultura que vai além de uma grade artística do palco principal do Parque do Povo.

Em 2017, graças ao novo modelo, o município economizará o bastate para construir um moderno e bem estruturado Hospital da Criança e do Adolescente. É uma conquista importante que o prefeito Romero Rodrigues, tão atacado pelo artista, assegura para aquela criança de 5 anos, citada pelo próprio Alcymar no seu texto endereçado a mim. Durmo com a consciência tranquila de que, com ajustes naturais nessa necessária transição, faremos este ano o Maior São João do Mundo de todos os tempos.

Sucesso sempre, Alcymar! Você merece.

 

 

Marcos Alfredo Alves

 

Jornalista