Sexo

 

 
Seios, lábios e genitais
São lembranças úmidas
de que à água
misturamos do paraíso
um rio de vida
 
desejos e prazeres
como a reprodução
são apenas o pecado
original:
 
a ilusão - ou desvio
do retorno
 
O gozo é o leite -
derramado
 
Tempo
 
Em que teta do tempo
suga-se o leito
de eternidade
 
O tempo foi
tirado
do céu quando
um planeta parado
se envolvia de
estrelas
 
Mas a Terra
andou
feito o céu
que desapareceu
com a eternidade
 
para nao ser visto
 
e deixou
o sol
e as hipóteses
e as teorias
 
até a lua anda
 
e o tempo
continua 
pensando
que estamos 
parados
e ele contando
 
 
Corpo
 
O encaixe do espaço no tempo
Úmido - no leito
deitado
derramado
 
 
 
Poesia
 
Fazer poesia
é brincar de dias
e memorias.
 
em algum idioma existente
até a lembrança
do poeta, o poema rima
a sina.
 
 
Estilo
 
Não há.
Até que uma roupa
velha de desuso
acuse
 
 
Forma
 
Sobras da fôrma
tiram na substância
a forma
 
 
Espaço
 
Esquentava
o ar
pelas narinas,
Para faze-lo
deixar 
o nada
ocupar o espaço -
por omissão.
 
 
 
Passada
 
Passado em poesia
não é tempo
é roupa
dobrada para guardar
sem as marcas da lavagem
torcida - liquidada
pronta para usar
 
 
Jurisprudência
 
 
O perdão não devolve 
a mesma pessoa
Mas plastifica a cicatriz.
Com o silêncio eterno
do fato, a que os advogados
chamariam
jurisprudência.
 
 
Substantivos
 
São descansos 
Materiais
Mesmo os abstratos
Quando tentam a imagem
Carecem da transcendência
E se submetem ao verbo!
 
 
GRITO
 
A palavra DITA-DURA
será comum
em qualquer idioma;
Rimará com TORTURA
Enquanto a memória
jura
Que todas as outras
rimas
lhe serão caras
presas e seguras.
 
 
Caverna 
 
A caverna que chamo
Exibe seus tesouros
Quando, sem desdouro,
Eu digo: Abre-te, Te amo
 
 
Intolerância
 
A plenitude da tolerância
É a intolerância à intolerância.

As tais vozes roucas das ruas e os inimigos do povo

 O bom político sabe que não pode brigar com a opinião pública e toda vez que escolhe o caminho do confronto é confrontado nas urnas. Logo, quem escolheu ficar ao lado de Temer, votou contra os trabalhadores na reforma trabalhista e vai votar contra o povo na reforma da previdência, pode esperar um troco pesado nas urnas de 2018 e tudo que materialmente ganhou para votar nas medidas impopulares de um governo impopular vai ter que multiplicar e gastar para reduzir o impacto negativo junto ao eleitorado e mesmo assim não compensará. Não à toa Lula lidera e amplia sua liderança; não à toa cresce a desaprovação ao governo Temer. A voz do povo é a voz de Deus, conforme confirmado na pesquisa Datafolha publicada hoje na Folha de São Paulo.

 

Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo pelo jornal "Folha de S.Paulo" mostra que o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) melhoraram seu desempenho na corrida presidencial de 2018. Se a eleição fosse hoje, Lula teria entre 29% e 31% das intenções de voto, dependendo dos cenários testados. Lula aparece em quatro simulações, de um total de 6, e lidera em todas. O DataFolha ouviu 2.781 pessoas em 172 cidades, entre os dias 26 e 27 de abril.

Bolsonaro tem entre 11% e 16%, dependendo do cenário. Ele disputa o segundo lugar com Marina Silva, da Rede, que tem entre 11% e 25%. Marina lidera as pesquisas nos dois cenários em que Lula não aparece.

Já os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin caíram na preferência dos eleitores. Aécio tem 8% contra 26% em dezembro de 2015, no cenário em que tem Lula, Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes na disputa. Alckmin tem 6%. Em dezembro de 2015 tinha 14%.

O presidente Michel Temer não tem mais do que 2% das intenções de voto nos cenários em que aparece, e é rejeitado por 65% da população. Lula tem 45% de rejeição, Aécio 44%, Alckmin 28%, Bolsonaro 23%, Marina 21%. O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) e o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sergio Moro, por sua vez, têm 16% cada.

Doria foi incluído pela primeira vez no DataFolha. Ele tem um desempenho melhor do que seus dois colegas de partido, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Ele teria entre 5% e 11% dos votos.

O juiz Sérgio Moro foi testado em um dos cenários - e ficaria em quarto lugar, atrás de Lula, Marina e Bolsonaro, mas à frente de Aécio e Doria. A margem de erro é de dois pontos percentuais, então, Moro aparece em empate técnico com Marina e Bolsonaro.

Nas simulações de segundo turno, Lula lidera na disputa contra Aécio (43% a 27%), Alckmin (43% a 29%), Bolsonaro (43% a 31%) e Doria (43% a 32%). O petista perderia apenas para Marina Silva (41% a 38%) e contra Moro estaria em empate técnico (42% a 40%), com vantagem numérica para o magistrado.

 

Um tsunami ameaça a aliança entre Cássio, Maranhão e Luciano Cartaxo

 ” A ambição faz o homem querer chegar mais rápido aonde só pode.chegar seguro se for devagar ” – dizia Velho Jacó aos incautos de seu tempo, preveninldo-os mais quanto ao pecado da cobiça do que quanto ao excesso de velocidade, pois naquelas épocas só eram velozes mesmo o som, a luz e as ondas magnéticas.

Na poltica, que é um meio de transporte acidentário por onde transitam os que buscam o Poder, parece que a ambição é movida a velocidades desmedidas e desenfreadas. De fato, em torno dos nossos cotidianos locais impressiona como os maiores líderes querem cada vez mais para si o que poderiam dividir com mais gente, democratizando as oportunidades. Cada um deseja ser herdeiro privilegiado de um patrimônio de construção coletiva e de destino público. Vejamos :

ZÉ MARANHÃO – É o mais longevo e experiente de todos, contando mais de 60 anos de vida pública e uma ambição ainda muito jovem. Parece capaz de atrasar o relógio do tempo a fim de recuperar alguns anos políticos perdidos durante a ditadura militar, os dois que perdeu de governo para Cássio e os quatro para RC. Com mais de seis anos restantes agora de mandato senatorial, à rigor não quer disputar o cargo de governador, embora goste da governança. Tem saúde e pernas para enfrentar maratonas eleitorais e vê-se como um nome capaz de construir consensos , preferencialmente em volta de si mesmo, de modo particular depois que desfez a inimizade com Cássio. RC o respeita – é um dos poucos de quem não fala mal nem afogenta – e isso por si só já quer dizer algo enigmático que dever ser interpretado com curiosidade e atenção durante essa travessia que leva a 2018.

Maranhão é, para os demais, o mais confiável de todos e possui como dono o latifúndio eleitoral do PMDB, personalizando o partido e ficando acima dele perante a legião de eleitores partidarizados de todo o Estado. É, além do mais, cauteloso, ponderado e prevenido, atributos que não lhe impediram de sofrer mais de uma rasteira de RC, mas nada que o próprio não pense em compensar quando a necessidade bater à porta de sua fortaleza na fase de desocupação do prédio.

CÁSSIO – Afora o próprio pai, Ronaldo Cunha Lima, que ícone do povo algumas décadas atrás, o filho também nasceu pioliticamente como objeto sagrado das massas, a partir de Campina Grande, a escola onde aprendeu a bater e ganhar e donde tirou as primeiras lições de que as dinastias provincianas modernas não têm reis reais nem longa duração, talvez pelo fato de que não há nobreza originária da pobreza.

O Galo de Campina já foi depenado por Veneziano em seu próprio terreiro, teve os esporões arrancados por RC em 2014, e Maranhão já lhe tomou dois anos de mandato governamenal, o que tem lhe servido para trocar a soberba pela humildade, virtude que fez de seu pai um santo no andor popular. No programa de tvWeb INTROMETIDO, realizando a cada segunda-feira às 20h00 pelo You Tube. Cássio fez pela primeira vez, três meses atrás, sua mea culpa pela derrota diante de RC, confessando ter sido soberbo em recusar uma aliança com Zé, jogando-o nos braços nada afagantes do atual governador, que liquidou a fatura no segundo turno,após ter perdido no primeiro.

O senador Cássio, que ainda é individualmente o líder mais amado pelos seus seguidores, já perdeu parte de seu rebanho para RC, tanto quanto Zé também perdeu. Por vingança e ódios um do outro (Zé e Cássio), ambos confiaram as suas ovelhas a RC, em certos momentos recentes, que pastoriou-as de tal modo e mando que quando os dois quiseram contar as cabeças a maior parte do rebanho já não era mais deles.

Ressabiados hoje com a experiencia pastoral que tiveram terceirizando o pastoreio, Zé e Cássio receiam de pastores novos em seus pastos, daí os olhos vesgos com que olham Luciano.

Mas será que Zé e Cássio apoiaram Cartaxo apenas para derrotar RC em sua cidadela, objetivando reduzir a sua influência nas eleições de 2018, quando deixa o governo sem sucessor pronto, ou pretendem transformar Luciano em candidato a governador, usando seu palanque para garantir a reeleição de Cássio pro Senado? Cássio e Zé vão entregar novamente seus rebanhos a um pastoreador noviço? Ora, se vem um e leva parte dos rebanhos e outro que leva mais uma porção das ovelhas, o que sobra para os pastores mais antigos ?

RC, O PASTOR DE OVELHAS ALHEIAS – Zé e Cássio não só perderam muitas ovelhas para RC , mas as ovelhas perdidas são agora hostis aos dois , seguindo a máxima do novo pastoreador de que quem é contra o pastor é também contra as ovelhas. Esse novo rebanho , formado de ovelhas ferradas no cassismo e no maranhismo , contesta e ataca veementemente os dois lados , mas nada que não possa mudar a partir das eleições de 2018 , quando o Poder que as une se desintegrar e esvaziar as cocheiras.

RC já teve três experiências exitosas com os outros três , Cássio Maranhão e Luciano Cartaxo , de 2010 para cá. Nenhum dos três ganhou nada, para que RC pudesse ganhar sozinho. Esse encontro de contas , simples e incontestável, entre custos e benefícios , é quase fatal para RC , que em vez de aliados faz vítimas. Mas , se RC foi capaz de ludibriar tanta gente importante e sabida , por quê não pode reenganar a um ou outro mais vezes ? Afinal , quem é mesmo o ás e o mais sabido de todos ?

E se RC puder ao menos dividir os três , aproveitando-se da desconfiança generalizada que ele próprio semeou entre os grandes , criando um desconfiômetro nas ovelhas e nos pastores ? Bem , RC não pode ser mais candidato a governador e nem tem ao seu lado um líder com a dimensão de seus adversários para entrar na disputa em 2018. Prepara Gervasinho , um político jovem e promissor que ganha projeção ao seu lado mas tem pouco tempo e pouca vontade de correr riscos e criar intervalos em seus projetos. Quem entre as principais vítimas de RC voltará a se aliar a ele com tão ruins antecedentes ? Mas será que se for para se beneficiar , e não beneficiar exclusivamente a RC , alguma das vítimas não aceitaria uma composição , afim de fugir das desconfianças dos seus próprios aliados ?

Cogitada , nesses últimos dias , uma reaproximação de Cartaxo com RC , por conta das ambições do PMDB e PSB de terem candidaturas próprias em 2018 , conspirando contra a candidatura embrionária de Luciano , que sempre pareceu ao povo previamente acertada desde a eleição de 2016 , o prefeito silenciou e RC mandou um auxiliar desmentir a especulação. RC não quer matar cedo a candidatura de Gervasinho , nem quer passar a ideia de que está enfraquecido e sem sucessor. Também não quer cometer ato falho e antecipado , pensando que Cássio e Maranhão possam voltar à candidatura de Luciano. O jogo é estratégico, sutil e cheio de lances, abaixo da Linha do Equador. Até a matemática muda quando se mexe com a posição dos números e dos sinais.

LUCIANO CARTAXO – Bem , não se pode dizer muito sobre o prefeito , vez que seu projeto previsível está povoando o imaginário coletivo , tanto quanto o de Dória está avançando no imaginário eleitoral do povo brasileiro. Com a diferença de que o eleitor do Brasil está sem líderes e o povo da Paraiba ainda tem líderes de sobra , podendo competir com Luciano em caso de implosão de sua aliança.

Mas se as ambições de alguns líderes não forem freadas , por excesso de velocidade, e Cartaxo se unir ao governador , criando uma força hegemônica na capital e na região metropolitana perpassando pelos municípios ricardistas peemedebistas dissidentes, não sobrarão nem cacos das ovelhas nem dos pastores mais antigos. Mas todos já estão de olhos arregalados para os abismos mais próximos , porque até mesmo os animais , que não agem pela vaidade e pelo orgulho , pressentem desastres naturais como vulcão , furacão e tsunamis , antes mesmo que ocorram.

DELICIOSO HÁBITO DE VIVER

 

Em conversa com os colegas José Antônio F. Ramires,uma das maiores expressões da cardiologia brasileira no cenário internacional,professor titular de cardiologia da USP , presidente do importante conclave abaixo referido, e o cardiologista americano Valentin Fuster,um dos monstros sagrados da cardiologia mundial, director do Mount Sinai Heart hospital(USA), durante 63º Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em Curitiba, dialogávamos informalmente sobre prevenção e doenças cardiovasculares, ambos foram convergentes com relação ao momento de se iniciar, o ainda tão polêmico processo preventivo dos imprevisíveis e insondáveis males do coração. Foram enfáticos: “A prevenção das doenças cardiovasculares começa no útero materno”. Mais que um órgão importantíssimo do nosso corpo, o coração é o próprio sinal de vida. Desde as primeiras semanas de gestação, já podemos ouvir seus batimentos, evidenciando que ali tem um ser vivo, ratificando de forma singela o principio da vida. As mulheres que abusam das comidas extravagantes relaxam com a forma física e ainda são dependentes do tabagismo, dificilmente serão mães de bebês saudáveis no futuro. Os hábitos dos filhos tendem a ser similares aos dos pais.
Nos grandes centros urbanos o apelo é maior: é a correria na busca de muitos perdidos, a competitividade do trabalho e conseqüente estresse, sem falar no possível envolvimento com o uso de drogas. Quando se percebe, o tempo já passou e surgem naturalmente os primeiros problemas decorrentes, tais como: obesidade, elevação do colesterol, glicose no limite superior máximo, hipertensão... Meu coração! Ele já começa a dar mostra dos maus tratos que recebeu ao longo da vida, até aquele instante em que é percebido. Forte, resiste bravamente e pede ajuda. 
A cardiologia moderna existe para salvar. Faz transplantes, corrige doenças congênitas, realizam-se angioplastias coronárias com implante de stents simples e sofisticados, tudo para dar maior segurança ao procedimento, para que o sangue possa seguir livremente, com menos riscos de novos estreitamentos nos vasos comprometidos. As cirurgias de revascularização do miocárdio com colocação de pontes de safena, mamárias e outras, têm a mesma finalidade de propiciar ao músculo cardíaco doente um maior fluxo de sangue e maior expectativa de vida. Porém, nada disso vai adiantar se a pessoa não modificar seus hábitos de vida... A sofisticação e avanços no diagnóstico das doenças cardiovasculares é uma realidade irrefutável, mas, nada sub stitui a prevenção que tem como suporte maior, a atividade física e alimentação balanceada.
Analisando todos os aspectos abordados nestas linhas, esperamos que tenham sido úteis e elucidativos para todos aqueles que querem cultivar o delicioso hábito de viver.

A Derrocada do Presidencialismo e da representação política

 A atual crise política que grassa o país tem sido tão dissecada pelos analistas políticos que causa-me um certo fastio escrever sobre ela.

Os acontecimentos se sucedem em rítmo alucinante, chegam às ruas na velocidade da internet e percorrem a escala do grotesco à gravidade absoluta, nos mostrando quão pouco sério parece ser o Brasil.

O nosso carcomido sistema político está irremediavelmente viciado pela suboordinação do interesse público ao interesse privado, vez que a administração pública foi repartida entre os feudos políticos e burocratas de pouco apreço ao múnus republicano no exercício de funções de estado.

A pátria amada foi transformada em pátria explorada e resta ao povo gritar nas ruas o refrão do hino nacional: salve, salve o Brasil…!

Esse desejado salvamento está muito difícil porque o nosso presidencialismo dá mostras explícitas de irremediável esgotamento face à corrosão de sua legitimidade primária no modelo atual, ou seja, até mesmo a eleição popular afigura-se viciada pelo financiamento espúrio.

Trágico também é comprovar que tal vício tem levado à quase depravação do sistema politico-representativo como um todo, posto transformado em balcão de negócios gerenciado por partidos políticos operantes na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Em junho de 2013, a catarse popular mostrou centenas de milhares de cidadãos nas ruas expressando seu incorformismo com tudo isso que aí está, não tendo a quase ex-presidente compreendido que deveria refundar o governo em outras bases e com outros compromissos e quiçá salvar sua biografia, pois é muito mais vítima desse sistema do que propriamente protagonista principal.

Ainda no ano de 2014 começou ser cobrada do distinto público a fatura dos custos de sua reeleição e a partir daí o país mergulhou na crise grave econômica em que se encontra, decorrentes, segundo lhe acusam, das chamadas ‘pedaladas fiscais’ que maquiaram o deficit orçamentário e permitiu realizar gastos não autorizados em lei e pelo Congresso para cobrir o incremento dos programas sociais concomitante com renúncia de impostos.

Na cultura política anglo-saxônica o orçamento (budget) constitui múnus obrigatório e seu descumprimento atrai à censura do parlamento e mesmo convocação de novas eleições. Entre nós, é comum desrespeito de toda ordem disfarçado pela complexidade dos números e execução dos seus programas.

Durante as discussões de nossa atual Carta Política houve um momento em que o sistema parlamentarista de governo seria adotado com a emenda do então senador Anfonso Arinos de Mello Franco, o que me parece teria sido o mais correto vez que apenas quatro anos depois ocorreu o impeachement de um presidente da república: Fernando Collor.

O nosso presidencialismo, ao contrário do norte-americano, que é tocado por dois grandes partidos, o republicado e o democrata, depende de duas dezenas de partidos políticos para dar-lhe sustentação e isso, não com base em idéias e programas, e sim na base da cooptação às custas do orçamento público, como está ficando provado pelas investigações da Lava Jato.

Foi a própria classe política, ao que parece, que implodiu o sistema político ao aliar de modo indissolúvel seus projetos de poder partilhado ao financiamento das campanhas e dos partidos com dinheiro desviado de obras públicas. O que jogou claridade solar sobre a corrupção do sistema foi exatamente a briga fatricida da última eleição presidencial, cujo ato final parece ser o impeachment de Dilma Roussef (?!).

A pergunta que não quer calar é uma só: terá o Poder Judiciário, meios e Juízes para purificar o sistema político? Ou seja, uma espécie de Programa de Acelaração dos Julgamentos da classe política-empresarial e de servidores públicos envolvidos em corrupção? Temo que não. Não só pelo rigorismo de normas legais, inclusive regimentais, que engessam o funcionamento do Judiciário, como pelas limitações materiais e humanas.

Tomemos o exemplo do Supremo Tribunal Federal frente os investigados e denunciados que têm foro privilegiado, i.é, devem ali ser julgados. Seria necessário desconcentar e delegar a uma equipe de Juízes Federais a instrução dos inquéritos e processos ad referendum do Ministro relator para levá-los a julgamento com o exato cumprimento do ônus constitucional da “razoável duração do processo” (CF., art. 5º, LXXXVIII).

Esse seria o tipo de protagonismo que toda a nação aplaudiria.